Olhai a criança
Pestalozzi / psic. Rita Foelker
Quando estiveres entre os teus pequenos, na sala ou
no pátio, escrevendo ou criando objetos artísticos, não vos preocupeis tanto
com a redação e o objeto: olhai a criança.
Quando confeccionares um lindo painel para o mural
de tua instituição, olhai menos para o que estais fazendo, olhai mais para a
criança.
A redação, o objeto e o painel são apenas
pretextos, tu podes querer que seja uma música ou uma dança, mas não tires os
olhos da criança.
Nunca duvides de que ela é o mais importante do teu
trabalho, e que o que fazes só adquire realmente significado se olhares a
criança.
Verás a que chora irritada, a que ri contente, a
que teme tanto errar que mal consegue ter calma para trabalhar.
Verás a criança ansiosa para acabar e brincar, e a
que até se esquece do que está fazendo, enquanto viaja por sua própria
imaginação.
Verás a criança amedrontada e aflita, e podereis
ajudá-la a encontrar coragem e serenidade.
Verás a criança que chora, e poderás sentar-te ao
lado dela até que as lágrimas cessem.
Verás a criança que anseia e procura, e poderás
auxiliar em sua busca.
Verás a criança autêntica, e poderás cultivar sua
autenticidade.
Verás a criança alegre, e te alegrarás junto com
ela.
Se olhares a criança, verás um mundo até então
desconhecido.
Verás a flor dos sentimentos, a raiz dos valores, a
seiva da confiança.
Verás o que está por traz das chamadas malcriações,
verás mais e mais além de todas as aparências do mundo adulto, se aprenderes a
olhar a criança.
Se olhares a criança, com ternura e paciência, com
muita atenção, verás Deus.
A criança é o foco central das atividades
educacionais, e assim precisa ser encarada.
Nenhum tempo investido em conquistar-lhe a
confiança, em buscar solucionar seus problemas será perdido, simplesmente
porque deixamos de cumprir o programa ou o roteiro da aula.
"Olhai" poderia ser traduzido como:
observai atentamente, detalhadamente, incansavelmente o verdadeiro sentido do
seu trabalho. Tudo quanto existe nele de realmente importante está no coração
de cada um destes pequeninos, porque o restante pode ser substituído ou
adaptado - o plano de aula, o material, a sala, o currículo. Podemos mudar de
casa espírita ou de coordenação, no departamento, mas os instantes de olhar nos
seus olhos e encontrar suas almas são preciosos, e não deverão ser banalizados.